"Disseram que essa dor passaria
com o tempo. E o tempo passou a dor não."
Talvez você já tenha
pensado ou escutado em algum lugar. Pode até ser uma frase clichê, mas com
certeza é um trecho universalmente conhecido.
Lidar com perdas não é nunca
foi e jamais será fácil, porque somos humanos e ao ver algo que tanto prezamos
passar bem debaixo dos nossos olhos e você se sentir imponente de impedir... É
como levar um soco no estômago! Onde todos os sentidos do seu corpo são
perdidos e com a sensação de que nunca fosse tomar o fôlego novamente.
Principalmente quando isso se relaciona com pessoas.
É difícil compreender
que uma pessoa tão importante, tão amada faça parte de apenas um capítulo de
sua história. Sei profundamente, já perdi as contas do tanto que indaguei a
Deus sobre isso, afinal não é todo dia que você recebe a notícia de que um
amigo muito próximo se foi...
Existem muitas maneiras,
formas e cores de prantear algo que se foi. “Um cachorro, um amigo, um carro,
um trabalho, e por aí vai”. O certo é que todos nós passamos por algo que nos
acerta em cheio pelo menos uma vez na vida. E este foi a minha mais dolorida...
Há uns dois anos atrás,
um amigo muito chegado, bom mais que chegado (na verdade cresci com ele) ficou
mal de saúde. Foi meu parceiro de brincadeiras, travessuras e de uma grande
amizade, que atravessou o tempo por muitos anos desde que me entendo por gente.
Aos seus 16 anos ele
sofria de depressão, isso por ser filho de pastor e ter crescido na igreja, o
que não conta, você pode estar dentro da igreja, mas ela pode não estar em você, é uma
questão de escolha e busca.
Chegando ao ano de 2013, na qual tinha 17, ele
foi diagnosticado com tumor na garganta, ou seja, ele tinha leucemia. Passaram
duas semanas de mal a pior, todos da igreja oravam por ele e a saúde não se
estabilizava. Foi somente da terceira para à quarta semana que a melhora
veio... Foi tão absurdamente inacreditável que até os médicos, com todos
seus equipamentos e anos de conhecimento não puderam entender tal
acontecimento.
Depois de uma semana ele teve alta com apenas alguns
acompanhamentos. Pode ter entrado naquele hospital respirando desespero e
agonia, com o peso da doença e a solidão que acarretava a depressão, porém
quem saiu de lá foi outra pessoa com o mesmo nome, mas o semblante e a alma
leve e radiante.
Por três longos meses
ele foi “tudo” na casa de Deus, o que não fora sua vida inteira, ninguém o
pararia. Todos acreditavam que era um verdadeiro milagre por onde quer ele passasse
e realmente foi.
No mês de novembro os
glóbulos brancos voltaram em ação, e com tudo dessa vez, deixando-o num estado
tão crítico que ele não conseguia nem se manter acordado por mais de um minuto.
Passado quatro dias, vendo ele numa agonia e todos que a volta se encontravam, meu precioso amigo foi para os braços do
Pai.
Chorei durante o velório
como toda pessoa normal. Passei um dia, uma semana, um mês sem me dar conta do
que tinha ocorrido; mas passou disso... A
rotina, a alma que pedia a presença dele, começou a desabrochar. Foi o
momento onde percebi que nada mais seria o mesmo.
Era como se naquele
momento meu corpo gritava pedindo para que eu olhasse para dentro de mim mesma
e quando olhei vi buraco enorme; um
precipício onde só ouvia apenas minha voz ecoando num lugar oco e vazio.
Doeu, ainda dói. Senti dores por lugares dentro de mim que eu nem sabia que
existiam e eu culpei Deus.
Eu culpei porque queria
entender toda essa história trágica rondando em meus pensamentos. É que de
repente você se pega imaginando como vai ser sua vida sem um personagem
principal, ou até no convite que vai sobrar do seu casamento pra um padrinho,
ou como a vida poderia ser uma noite fria sem seu cobertor favorito.
Passei por um bom tempo
me afogando em pensamentos que eu mesma criava tentando me fazer acreditar que
nada disso havia acontecido. Até que um dia Deus falou comigo, e eu lembro
claramente como o azul do céu e tão real como o ar que eu respiro. Passei o dia
inteiro tentando achar uma maneira de deixá-lo ir, de como deixar... E
nesse processo finalmente me derramei ao Senhor ao invés de culpá-lo.
Na noite do mesmo dia tive
um sonho; entre tantas noites que me custava dormir, neste dia adormeci num
relance. No sonho eu estava numa cidade diferente, e lá era como se houvesse um
desfile, havia pessoas passando ao meio; pessoas com aspecto peculiar, mas um
peculiar para o lado bom. Elas passavam e eu estava em volta como outras
pessoas normais aplaudindo e se alegrando vendo aquelas pessoas caminhando a um
lugar onde não se via onde dava. E no meio destas pessoas estava meu amigo...
Quando o vi; o semblante, a vestes, meu corpo inteiro foi tomado por um gozo
que nunca tinha sentido. Foi então que ele me viu e parou um instante... Olhou-me
nos olhos e sorriu. Naquele momento me senti tão egoísta reclamando do quanto
sentia falta dele aqui nessa terra, onde ele passou por maus bocados; ao invés
de glorificar pela transformação que Deus fez na vida dele, só preparando para
trazê-lo pra perto.
Pareceu uma eternidade
vendo ele ali numa alegria imaginável, entretanto foram apenas questão de
alguns segundos e depois ele continuou ao caminho além-mar. Desse dia em diante
todo aquele buraco foi preenchido por gozo, vindo do céu. O Espírito Santo
transformou a saudade em algo bom, em esperança de que irei encontrá-lo
novamente.
Eu não sei o tipo de
perda que você passou, ou circunstâncias, mas descobri que viver com Cristo
nada é perder... Viver com Ele e para Ele requer que deixemos a fé sobre Ele
para que Ele possa nos guiar, e não esquecemos de que “carregar a cruz” quer
dizer perder coisas que aos nossos olhos é o bom... Mas pra que o bom se Ele
pode oferecer o Melhor?
Assim O SENHOR nos responde em Isaías 55:8, 9,10 “Pois
os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os meus caminhos são os
vossos caminhos. Declara o Senhor”. 9
“Assim como os céus são mais altos do que a terra também os meus caminhos são
mais altos que os seus caminhos, e os meus pensamentos, mais altos que os seus
pensamentos”. 10 “Assim como a chuva
e a neve descem dos céus e não voltam para eles sem regarem a terra e
fazerem-na brotar e florescer, para ela produzir semente para o semeador e pão
para o que come”.
É que muitas vezes nos
concentramos no porque olhando o que se passou; Sim vão existir vezes em que
não vamos entender, mesmo analisando milhares e milhares de vezes... Mas pego
aqui referencia de Jó, um servo de Deus que perdeu sua casa, seus empregados,
até seus filhos, mas permaneceu fiel e
firme mesmo não entendendo o porquê daquilo, pois sempre fora dedicado a Deus.
Mesmo que você esteja almejando uma resposta pra suas perguntas, deixe-as de
lado, siga um passo de cada sem ficar revisando se o degrau vai cair, sabe por
quê? Posso te responder:
“Mas, como está escrito: “As
coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do
homem, são as que Deus preparou para os que o amam”. 1 Co 2:9
Eu fui como a mulher de
Jó, não como ele, me concentrei muito nos porquês e acabei prolongando algo que
poderia ser resolvido se eu apenas tivesse entregado nas mãos do Senhor, quem
podia e pode me ajudar realmente...
Enfim, no momento em que
parei de indagar a Deus, sobre o que passara comigo e falei para Ele tudo aquilo que sentia... Ele
moveu sua mão e me levantou. Ter um capítulo de algo ou alguém nos faz viver
como Jesus viveu agradeça ao Senhor pelo “um ou dois capítulos”.
Por isso aguente firme,
e deixe tudo ir, deixe os medos, as perdas, os cacos, deixe o rio DEle fluir...
Texto autoria: T.B.
“A VONTADE DE DEUS É BOA,
PERFEITA E AGRADÁVEL”.
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